A brincadeira de criança que virou profissão
Marcelo Arruda conta como se tornou DJ
Por Thiago Silva
Com o fácil acesso à internet de alta velocidade no país, várias profissões se popularizaram e acabaram se tornando sinônimo de status, glamour e evidência. Em meio à explosão da música no mundo virtual, uma das profissões que mais ganharam força e se destacaram nos últimos anos foi a de DJ. Aqui no estado, o Instituto de Música Eletrônica de Pernambuco, IMEPE, ministra cursos para os níveis iniciante, intermediário e avançado para quem sonha em subir na cabine, discotecar e colocar a pista de dança para ferver. Com um investimento de aproximadamente R$ 500, qualquer pessoa pode se especializar na área e tentar uma carreira profissional como DJ.
A história de Marcelo Tadeu de arruda, 36, foi bem diferente. Nascido no Recife, oriundo de família pobre, passou parte de sua infância no bairro de Tejipió, na zona norte da capital pernambucana. Filho único de Severina Margarida da Conceição, 60, mãe solteira e operária, o garoto da periferia não tinha computador em casa e os discos de vinil eram bastante caros naquela época. Sem acesso à rede mundial de computadores, que caminhava a uma velocidade de 56 kbytes por segundo, e que hoje caminha 100 vezes mais rápida, era praticamente impossível conhecer artistas e músicas de outros lugares do mundo tão facilmente.
Não existiam cursos de capacitação na área e a profissão acabava privilegiando aquelas pessoas que tinham melhores condições financeiras. Só restava a Marcelo ouvir a radiola da casa do vizinho marceneiro, especialista em produzir caixas de som, que gostava de escutar músicas bem diferentes das que seus colegas da mesma faixa etária costumavam gostar. Um dos primeiros artistas que o garoto conheceu foi Ritchie, estourado com hits como “Menina Veneno” e “Casanova”. Por volta de 1980, explodia o fenômeno Michael Jackson, e Marcelo, começava a ensaiar os primeiros passos de dança e achar o máximo o estilo musical do rei do pop.
Em 1986 Marcelo foi morar com a tia, recém casada, no bairro de Peixinhos, no município de Olinda, na Região Metropolitana do Recife e lá conheceu na rua, onde costumava ficar conversando com outras crianças, o primeiro programa de rádio de música eletrônica que teve contato, o Antena Mix, da rádio Antena 1. Outro costume que o jovem tinha na época era de acompanhar o ritmo das músicas com duas baquetas. “Eu me lembro muito dessa época em que eu ficava acompanhando as músicas com qualquer coisa. O negócio era batucar e nessa época eu aprendi muito sobre ritmo e noções básicas de mixagem apenas no ouvido”, disse.
Cinco anos mais tarde, o garoto se mudou para o bairro de Afogados, no Recife, e lá começou a estudar na escola da Rede Ferroviária de Trens onde teve pela primeira vez emprego com carteira assinada e aprendeu uma profissão. Veja o que Marcelo fala dessa época.
Com o primeiro salário que recebeu, comprou o primeiro disco de sua vida: Funk Brasil 1, do DjMarlboro, mas foi ouvindo na rádio Cidade o programa Festa da Cidade, que era apresentado pelo DJ EbelValois, sucesso nas pistas e no rádio na década de 90, que surgia o DJ Mostarda, nome adotado e incorporado por Marcelo ao longo de 21 anos de profissão.
Como DJ profissional, Mostarda já tocou em mais de 60 casas de shows do norte ao sul de Pernambuco. “Eu já toquei em diversas casas de shows de todo o estado e de fora também. Aqui no Recife o mercado está passando por uma entressafra, um período muito ruim para quem trabalha durante a noite e as oportunidades para tocar estão cada vez mais difíceis”, pontuou. Atualmente Mostarda trabalha como produtor musical na rádio Transamérica do Recife, arrisca como humorista em eventos de standy-up comedy e toca como freelancer em festas particulares e boates de todo o país. Recentemente junto com o DJ Nando du B, Mostarda tocou em Aracaju-SE, na OdontoFantasy, maior festa fantasia do país para um público de mais de 30 mil pessoas.