Drogas que matam o sono
Trabalhar em dois turnos fez Esdras Barros tomar decisões que mexeram com a saúde
Por Wilson Neto e Marcos Aurélio de Lima
Trabalhando 22 horas por dia, o auxiliar de segurança e dedetizador, Esdras Barros da Silva, 30 anos, se depara com o cansaço do corpo e da mente. Com muitas dividas para pagar, um filho menor para criar, a casa em construção e a esposa desempregada, o fizeram a tomar a decisão de trabalhar em dois empregos. No início, o trabalho durante o dia era provisório, apenas para pagar as dividas mais urgente, porém elas só aumentaram.
Esdras sai de casa às oito da manhã para trabalhar como dedetizador, ele passava o dia inteiro na casa dos clientes, em vários lugares da região metropolitana do Recife, depois de cerca de dez horas de trabalho, ia para casa jantar e dormir apenas duas horas, pois às 22 horas tinha que esta no clube Nox entretenimento, uma das boates mais conhecida da capital pernambucana, e só voltava para casa às seis da manhã do outro dia.
A fé e a necessidade davam forças para que ele conseguisse dormir pouco e ter disposição para trabalhar. Meses depois, o corpo começou a cobrar as noites perdidas e cansaço foi inevitável. Esdras começou tomando café varias vezes durante a noite, depois passou a tomar, café com coca-cola, guaraná em pó, guaraná com coca, mas o corpo não reagia, então tomou uma decisão delicada. Tomar remédios para se manter acordado.
Um colega de trabalho ofereceu estimulantes energéticos à base de taurina, por exemplo: Desobezi-M, muito utilizado pelos caminhoneiros e o Inibex. Com o passar do tempo as dividas aumentaram e mais uma os “remédios” não faziam efeitos. Esdras passou a utilizar anfetamina, metanfetamina, e até tônico reconstituinte à base de complexo B com mefentermina na veia, aplicado pela própria esposa em casa. “Decidi utilizar outro artifício, pois já estava na última linha da minha vida”, explicou Esdras.
Atualmente, Esdras já não trabalha mais em dois empregos, porém o corpo se acostumou em ser estimulado com as drogas, por isso mesmo após passar o dia dormindo só consegui trabalhar a noite se usar no mínimo três milímetros de Potenay, medicamento de uso veterinário e muito utilizado por jovens em academias que desejam um rápido retorno do corpo. “Do veneno para o remédio a diferença é só a dose”, afirma Esdras.